quarta-feira, 11 de maio de 2011

A ESCOLA TEM A “CARA” DO SEU DIRETOR

A ESCOLA TEM A “CARA” DO SEU DIRETOR
Tobias Ribeiro
Coordenador do Programa Gestão Escolar de Qualidade
www.gestaoescolardequalidade.org.br
Numa pesquisa encomendada pela Revista Veja ao CNT/Sensus, publicada em
agosto de 2008, para 89% dos docentes entrevistados, “os professores são bem
preparados” e 90% deles se “sentem capazes de despertar a atenção dos alunos
em sala de aula”. Numa outra pesquisa, encomendada ao Ibope pelo Instituto
Victor Civita, divulgada em Outubro de 2009, sobre o perfil do gestor escolar,
apenas 2% dos diretores entrevistados se consideram responsáveis pelos baixos
resultados de seus alunos no Ideb e apontam outros principais responsáveis como
o governo (48%), a comunidade (16%), o professor (13%), o aluno (9%), a escola
(7%) e outros (5%).
No entanto, fazer gestão é provocar mudanças, aquelas necessárias para se
obterem os resultados desejados. Administrar, hoje, é resolver conflitos e fazer
cada vez mais, com cada vez menos, com mais agilidade e cada vez melhor. E, se
o gestor não inova e não gera resultados, não é gestor, é só um fiscal.
A escola tem a “cara” de seu diretor. Dito de outra maneira, a liderança diretiva é
que imprime o perfil da organização, pois cabe a ela grande parte da
responsabilidade pelo aperfeiçoamento dos processos, revitalização da cultura
organizacional e pelos resultados alcançados. Por outro lado, estamos iniciando
um novo ano letivo e, em muitas escolas, “planejar” foi somente adaptar o
cronograma das atividades de 2009 ao calendário de 2010. E tudo continuará
como antes. Renovada foi somente a esperança de que, com as mesmas práticas,
os resultados sejam melhores neste ano.
Via de regra, os líderes não têm consciência do que representam para os seus
colaboradores e da importância da própria função. Mesmo quando não falam nada,
estão comunicando os valores da organização para aqueles que o rodeiam, pela
postura, olhar ou, no mínimo, por seu histórico profissional. Tenho encontrado
escolas públicas e privadas, com recursos limitados, mas com equipes coesas e
eficientes.
Nesse contexto, diante de um ano letivo que se inicia, vale ressaltar algumas
competências essenciais que todo gestor deve perseguir na condução de sua
escola.
Todo gestor é um desenvolvedor de pessoas!
A principal atribuição de um líder é educar as pessoas que trabalham em sua
equipe, sabendo que nenhuma outra tarefa é mais importante do que esta. Educar
no sentido de torná-las alinhadas e preparadas para o projeto que se tem para sua
instituição.
É próprio do gestor da América Latina administrar muito mais com o coração do
que com a razão. Como se não bastasse sermos latinos, somos brasileiros. Além
do mais, atuando na educação, onde se tem uma tendência de uma atuação mais
pautada pelo coração do que pela razão. É necessário equilibrar coração e razão e
profissionalizar as relações entre as pessoas que trabalham dentro da escola.
Todo gestor deve ser um bom comunicador!
O gestor é quem dá a direção dos processos e isso não é possível sem capacidade
comunicativa de quem está à frente da equipe. Os maiores problemas numa
organização não são causados pelo que é dito, mas pelo que não é dito. Este é um
dos principais problemas apontados em absolutamente todas as pesquisas de
clima organizacional que já apliquei. As pessoas reclamam exatamente da falta de
comunicação e, em grande parte delas, os gestores acreditam que as coisas estão
claras para seus subordinados tanto quanto estão para eles.
Todo gestor deve trabalhar com dados!
Quando falta informação, pode existir a alucinação! Do latim, Allucinare, ausência
de luz, privação do entendimento ou da razão. Uma boa gestão não pode
prescindir dos dados, das informações, e cabe ao gestor buscá-las, sem ficar refém
das opiniões tendenciosas de três ou quatro professores ou, então, daqueles dez
pais que se sentem à vontade com a direção da escola.
Nos tempos atuais, estar dez ou vinte anos à frente de uma mesma organização
pode não significar um benefício para o negócio, se o gestor estiver atuando da
mesma maneira como sempre fez durante todo esse tempo. Trabalhar com dados
impede a mesmice administrativa, pois eles sinalizam as mudanças necessárias e
exigem flexibilidade e inovação.
Mas, para isso, os dados devem gerar análises; as análises devem provocar
tomadas de decisão; das decisões para a ação. Caso contrário, teremos um
“bando de dados” e não um banco de dados!
Todo gestor deve ter foco em resultados!
Existe uma tendência natural no ser humano de buscar a zona de conforto e, por
medo de enfrentar o problema, atribuir a responsabilidade do insucesso aos outros.
O mesmo ocorre do ponto de vista organizacional onde, na maioria das vezes, a
razão do insucesso de nossas iniciativas não está lá fora. Quando as coisas não
funcionam é porque não estão sendo feitas de maneira correta dentro da
instituição.
Diante disso, o gestor deve ser capaz de resolver os problemas deixando de lado a
emoção e a familiaridade dos relacionamentos. Gestores competentes não
ruminam os problemas adiando as decisões para preservar a harmonia nas
relações, mas tomam as medidas necessárias, ainda que amargas, visando o bem
da organização.
Por fim, o mês de Janeiro ainda é tempo para reavaliar a rota e tomar as
providências para que o barco não fique refém dos ventos. Quando os alunos
chegarem para o primeiro dia de aula, os ventos aumentarão significativamente,
dificultando o reposicionamento do barco. Agora é o momento de estabelecer as
inovações a serem promovidas na administração dos processos. Estas, por sua
vez, ocorrerão a partir de “procedimentos” a serem adotados e não de exortações:
estas não geram mudanças.

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