quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Poesia de Fagundes Varela.Após a morte de seu filho em 1863



Eras na vida a pomba predileta

Que sobre um mar de angústias conduzia

O ramo da esperança. Eras a estrela

Que entre as névoas do inverno cintilava

Apontando o caminho ao pegureiro.

Eras a messe de um dourado estio.

Eras o idílio de um amor sublime.

Eras a glória, a inspiração, a pátria,

O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,

Pomba, - varou-te a flecha do destino!

Astro, - engoliu-te o temporal do norte!

Teto, - caíste!- Crença, já não vives!

Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,

Legado acerbo da ventura extinta,

Dúbios archotes que a tremer clareiam

A lousa fria de um sonhar que é morto!

Fagundes Varela

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