sexta-feira, 30 de março de 2012

A escola e a necessária autoridade

Marco Antônio Silva - Professor de história e doutorando em educação pela UFMG 



Tenho ouvido relatos de professores de várias partes do país, sobretudo de escolas públicas, sobre as constantes agressões verbais e até físicas que vêm sofrendo. Isso não é sem razão. Quem não se lembra do estudante que agrediu a socos e pontapés a diretora de uma escola em Contagem? Quem não viu as cenas lamentáveis de uma aluna esbofeteando a professora no Vale do Aço? Há algumas semanas o Estado de Minas mostrou que professores, funcionários e vizinhos de algumas escolas de Belo Horizonte vivem acuados diante das ações de vandalismo promovidas por muitos estudantes. Essa situação é o resultado de uma combinação perversa: ausência de regras claras, crise de autoridade e impunidade. Em espaços democráticos é perfeitamente viável discutir, rediscutir, refazer e readaptar as normas. Entretanto, não é possível a convivência social sem regras estabelecidas. Em muitas escolas brasileiras, em nome de uma suposta inclusão social, a permissividade excessiva vem imperando. Prevalece o “tudo é permitido, nada é proibido”. Assim, crianças e adolescentes não encontram nenhuma referência de limites para as suas ações.

Além de regras claras, é preciso que existam autoridades respeitadas que consigam administrar os conflitos de interesse e garantir o bem-estar e a convivência fraterna de todos. Entretanto, muitos pais, gestores, pensadores da educação, membros de conselhos tutelares e até professores parecem não entender a diferença entre exercício da autoridade e a prática do autoritarismo. No período da ditadura civil/militar ou no modelo de família patriarcal que predominou até pouco tempo não tivemos bons exemplos de autoridade democrática. Nas três esferas de poder do Estado, certas autoridades, que não são bons exemplos de probidade e respeito aos interesses da maioria, vêm estampando os noticiários. Entretanto, em função disso, não podemos abolir toda e qualquer autoridade. Em nossos tempos, precisamos de homens e mulheres que exerçam autoridade reconhecendo e se desculpando quando erram, aceitando críticas e estando abertos às mudanças quando necessário, mas que não sejam negligentes perante os desafios que a função lhes exige.

Essa crise está presente em toda a sociedade. Encontramos cotidianamente pessoas que não sabem respeitar ou exercer a autoridade. Em muitas famílias os pais parecem incapazes de estabelecer limites necessários para que seus filhos aprendam a viver de forma equilibrada e respeitando o semelhante. Por isso convivemos com tantos jovens incapazes de aceitar a rejeição das suas vontades e despreparados para enfrentar as frustrações que a vida nos reserva. No caso específico da escola, os educadores que tentam exercer autoridade precisam de muita disposição e coragem para combater esse tipo de comportamento. Isso sem contar com as pressões dos defensores de um sistema que, mesmo falido, tem seus arautos de plantão. Numa sociedade sem regras claras e com carência de autoridades, a punição justa quase não existe. Punir não é castigar por castigar. A convivência em grupos, seja na família, nas escolas ou nas empresas, traz muitos benefícios e exige renúncias de cada um. Ninguém pode fazer o que lhe convém, quando e onde quiser, sem pensar nos demais. Punir os que desrespeitam normas de convivência coletiva é um ato de justiça e que leva o infrator a refletir sobre o sentido de suas ações. É mostrar que ninguém pode estar acima dos interesses dos demais, e serve de exemplo para desencorajar os que pretendem fazer o mesmo. Os problemas pessoais que atingem a cada um não devem servir de justificativa para atitudes de desrespeito e violência com os demais. Evidentemente, aquele que erra, sobretudo o estudante, merece o perdão, um tratamento psicológico e a assistência pedagógica quando for o caso. Entretanto, isso não o isenta da punição.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Bônus da educação prejudica 100 mil professores

Prêmio de desempenho não considera falta de estrutura em escola. Educadores da periferia têm menor chance

Na sexta, o governo do Estado vai pagar o bônus por desempenho de até dois salários para cerca de 260 mil servidores da Educação, que atuam nas cinco mil escola da rede.

Porém, mais de 100 mil servidores foram prejudicados na avaliação porque não foram levados em conta as condições de trabalho dos educadores, segundo a Apeoesp, sindicato dos professores estaduais.

“Além de outros problemas que o bônus tem, os critérios do governo não consideraram as diferenças estruturais das escolas. Mais da metade não oferece condições de trabalho ou atrativos para o aluno melhorar o seu desempenho”, afirmou Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp.
Resultado /Os dados do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) com a classificação das escolas assim como o valor do bônus dos professores estarão disponíveis na sexta-feira no site a Secretaria de Estado da Educação.
No ano passado, o governo pagou R$ 340 milhões em bônus para 190 mil servidores.

A Secretaria de Educação informou que estuda mudanças nas regras para 2013 considerando o esforço e o perfil socioeconômico da escola.

quarta-feira, 28 de março de 2012

São Paulo vai separar alunos atrasados das turmas regulares

Secretário Estadual de Educação confirmou que estudantes que não aprenderam irão para reforço durante horário de aula


A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo vai formar turmas diferenciadas para alunos em recuperação. Os estudantes selecionados durante diagnóstico que ocorreu este mês deixarão de assistir às aulas nas turmas em que estão matriculados para fazer parte de grupos em recuperação no horário de aula.                                              

Secretário Herman Voorwald: "Temos que conviver com a realidade. Se o menino não está acompanhando eu preciso tirar ele daquela sala de aula"

De acordo com o secretário Herman Voorwald já estão previstas ao menos 2 mil salas de “recuperação intensiva”, com serão chamados os grupos. Ele confirmou que estas turmas terão aulas durante o horário normal de aula em separado dos demais e, com isso, deixarão de ter o currículo do ano em que estão matriculados.“Tem gente que fala: mas nós estamos criando uma turma de alunos mais fracos? Bom, Eu preciso recuperar aquilo que ele não está aprendendo ou não aprendeu e não aprende. Então eu tiro, recupero durante um ano e ele volta”, disse Voorwald.Os professores das salas especiais, segundo ele, serão de Língua Portuguesa ou Matemática, mesmo nos casos do ciclo 2 do Fundamental (que vai do 6º ao 9º ano) e do Ensino Médio em que os estudantes têm normalmente entre cinco e 13 disciplinas.De acordo com o secretário, as recuperações no contraturno, que existiam até o ano passado tinham pouca audiência. Em algumas regiões, mais da metade dos estudantes convocados a ir à escola além do horário regular de aulas faltava. “Nosso entendimento é que a formação de turmas de recuperação deve ocorrer após detectada a deficiência. Antes, tínhamos turmas, professores recebendo e não estava funcionando”, afirmou
Ainda segundo ele, está pronta uma norma para que as instituições solicitem também a recuperação no contraturno. Para isso, no entanto, será preciso apresentar o nome dos alunos que poderão comparecer em horário diferente de sua matrícula além de outras regras ainda não detalhadas. O documento deve ser publicado na terça-feira.
As turmas de recuperação terão menos alunos por sala e no máximo 20. Elas haviam sido anunciadas em janeiro, mas não estava claro se o aluno ficaria mesmo sem as aulas regulares

sexta-feira, 23 de março de 2012

FAÇA A DIFERENÇA!! ESTUDE!!

Na 8ª série (9º ano) você deve consolidar as estruturas mentais e o espírito crítico para receber e processar os conhecimentos, de modo a se tornar um ser humano culto, um profissional competente, um cidadão honesto e participativo.
Tudo isso, é claro, será apenas um sonho se você incorrer num dos erros mais comuns cometidos por nossos estudantes: estudar para conseguir nota!
Na realidade você deve estudar para aprender: a nota é apenas um meio de verificação para determinar se você está ou não aprendendo. Se você estudar somente para tirar nota, ignorando o processo de aprendizagem e indo direto "ao que interessa", provavelmente vai "rachar" na véspera da prova. Talvez você até tire uma boa nota, pois estará sendo testado quando tudo ainda está "fresquinho" em seu cérebro.

"Aula dada... Aula estudada... HOJE!"
Não deixe para amanhã. Se você esperar o dia seguinte, ou, pior ainda, a véspera da prova... todo o tempo que você passou assistindo à aula estará sendo jogado no lixo!

quinta-feira, 22 de março de 2012

A IMPORTÃNCIA DO USO RACIONAL DA ÁGUA!

22 de março


Dia Internacional da Água


Vou confessar uma coisa pra vocês: sem ela eu não posso viver!
Apaixonado, eu??? Que nada, eu estou falando é da água.
Hoje é comemorado o Dia Internacional da Água. Todos nós sabemos que uma água sadia é indispensável para as pessoas e para o planeta.
A decisão de criar o Dia Internacional da Água foi tomada em junho de 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. O dia de hoje é uma oportunidade não só de lembrar a importância da água para a humanidade, mas também a necessidade de tomar medidas para oferecer água potável a todos os povos do planeta.



    * Escovando os dentes: com a torneira fechada, claro! Você só precisa abrir na hora certa, quando vai enxaguar a boca. Assim, você deixa de desperdiçar até 80 litros de água. * Na hora de lavar a louça, atenção: não deixe a torneira aberta enquanto ensaboa e aproveite para enxaguar toda a louça de uma vez só! Com isso você pode deixar de desperdiçar até 100 litros de água! E, já que não custa lembrar, utilize sabão ou detergente biodegradáveis, que não poluem os rios porque se decompõem facilmente. * Quando for lavar o automóvel, use um balde! Pode não parecer, mas enquanto um banho de mangueira de meia hora consome até 560 litros, usando um balde o gasto não passaria de 40. Viu só a diferença? Os maiores desperdícios a gente nem nota... * Lavar a calçada com a mangueira também é um desperdício. Principalmente para quem aproveita para pôr as fofocas em dia enquanto molha o passeio... Por isso, na hora de lavar a calçada, também é melhor usar um balde, evitando-se um gasto que poderia chegar a 280 litros (quinze minutos de esguicho). Mas o melhor mesmo é usar uma vassoura, que dispensa água! *Banhos longos gastam de 95 a 180 litros de água. Banhos rápidos economizam água e energia. E banhos de banheira usam mais água ainda, cerca de 200 litros.

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terça-feira, 13 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

Calendário OBMEP - 2012


TODOS OS ALUNOS DA E.E. PROFº DIRCEU JUNQUEIRA DE SOUZA,JÁ ESTÃO INSCRITOS
PARA A 8ª OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS

OBEMEP 2012


sábado, 3 de março de 2012

Matéria publicada no jornal Gazeta do Povo, 28/02/2012 - Curitiba PR

O que o mundo pode aprender com
as escolas da Finlândia


Pasi Sahlberg, ativista pelo melhoramento das escolas e diretor de um centro de estudos vinculado ao Ministério da Educação da Finlândia
Agência O Globo
No “ranking” do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2009, aplicado em 65 países pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Finlândia alcançou o 3.º lugar. O país chama a atenção não só pelos bons resultados, mas por apresentar um modelo diferente dos outros líderes do levantamento: China e Coreia do Sul. No lugar de toneladas de exercícios e de um ritmo frenético de estudo, há pouco dever de casa na Finlândia e a maior preocupação é com a qualidade dos professores e dos ambientes de aprendizado. Não há avaliações periódicas padronizadas de alunos e docentes, que não recebem remuneração por desempenho. E todo o sistema escolar é financiado pelo Estado. Em seu livro, Finnish lessons: what can the world learn from educational change in Finland? (em uma tradução livre, Lições finlandesas: o que o mundo pode aprender com a mudança educacional na Finlândia?), Pasi Sahlberg, diretor de um centro de estudos vinculado ao Ministério da Educação daquele país, diz que o magistério é a carreira mais popular entre os jovens e que a transformação no Brasil deve começar pela igualdade de acesso a um ensino de qualidade. Leia os principais trechos da entrevista:
A Finlândia ocupa a 3.ª posição no “ranking” do Pisa. No entanto, nem sempre foi assim. Quando começou a transformação na educação finlandesa?
A grande transformação do sistema educacional finlandês começou no início da década de 1970, quando foi criado o sistema de ensino obrigatório de nove anos. Todas as crianças do país passaram a estudar em escolas públicas parecidas e de acordo com o mesmo currículo nacional. O principal objetivo desse modelo era igualar a oportunidade de acesso a uma educação de qualidade e aumentar o nível educacional da população. Assim, a reforma educacional não foi guiada pelo sucesso escolar e, sim, pela democratização do acesso a escolas de qualidade. Esse movimento continuou nos anos 1990, com a necessidade de uma população mais preparada para o mercado de trabalho.

Quais foram as bases da revolução educacional finlandesa? Quais são seus pontos fortes?
O compromisso da sociedade finlandesa pela igualdade de acesso a uma educação de qualidade foi decisivo. A Finlândia, com seus 5 milhões de habitantes, não pode perder nenhum jovem. Todos precisam ter uma educação de qualidade. Os pontos fortes do sistema finlandês são o foco nas escolas, para que elas possam ajudar as crianças a ter sucesso; educação primária de alta qualidade, que dê uma base sólida para as etapas seguintes do aprendizado; e a formação de professores em universidades de ponta, que tornaram a profissão uma das mais populares entre os jovens finlandeses.

No Brasil, muitas políticas públicas sofrem com a falta de continuidade. Isso acontece na Finlândia? O que fazer para garantir a continuidade?
A Finlândia manteve uma política pública estável desde a década de 1970. Diferentes governos nunca tocaram nos princípios que nortearam a reforma, apenas fizeram um ajuste fino em alguns pontos. Essa ideia de uma escola pública de qualidade para todos os finlandeses foi um consenso nacional construído desde a Segunda Guerra Mundial. É o que no livro eu chamo de “sonho finlandês”.

O mundo parece buscar uma fórmula mágica para a educação. Existe uma válida para todos?
Não, não existe nenhuma fórmula mágica nem um milagre secreto na educação finlandesa. O que fizemos melhor do que outros países foi entender qual é a essência do bom ensino e do bom aprendizado. As crianças devem ser vistas como indivíduos que têm diferentes necessidades e interesses na escola. Ensinar deve ser uma profissão inspiradora com um grande propósito de fazer a diferença na vida dos jovens. Infelizmente, esses princípios básicos deram lugar a políticas regidas pelo mercado em vários países. Essa lógica de testar estudantes e professores direcionou os currículos e aumentou o tédio em milhões de salas de aula. A fórmula para uma reforma da educação em muitos países é parar de fazer essas coisas sem sentido e entender o que é importante na educação.

O que foi feito na Finlândia e que poderia ser reproduzido em outros países em desenvolvimento, como o Brasil?
A pergunta deve ser o que é possível aprender com a experiência finlandesa, não reproduzir. Primeiro, a experiência da Finlândia mostrou que é possível construir um modelo alternativo àquele que predomina nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países. Reformas guiadas pelo mercado, com foco em competição e privatizações, não são a melhor maneira de melhorar a qualidade e a equidade na educação. Segundo, é importante focar no bem-estar das crianças e no aprendizado da primeira infância. Só saudáveis e felizes elas aprenderão bem. Terceiro, a Finlândia mostrou que igualdade de oportunidades também produz um aumento na qualidade do aprendizado. É preciso que o Brasil combata essa desigualdade de acesso. Só um plano de longo prazo para a educação e compromisso político possibilitarão que os resultados sejam alcançados.

Os professores ocupam um papel importante no sistema finlandês. Como prepará-los bem? Um salário atrativo é importante?
Professores são profissionais de alto nível, como médicos ou economistas. Eles precisam de uma sólida formação teórica e treinamento prático. Em todos os sistemas educacionais de sucesso, professores são formados em universidades de excelência e possuem mestrado. O salário dos professores deve estar no mesmo patamar de outras profissões com o mesmo nível de formação no mercado de trabalho. Também é importante que professores tenham um plano de carreira, com perspectivas de crescimento e desenvolvimento.

No Brasil, poucos jovens são atraídos pelo magistério. A carreira atrai muitos jovens na Finlândia?
O magistério é uma das profissões mais populares entre os jovens finlandeses. Todo ano, cerca de um a cada cinco alunos que terminam o ensino médio tem a carreira como primeira opção. Há dez vezes mais candidatos para programas de formação de docentes para educação infantil do que vagas nas universidades. A Finlândia tem o privilégio de poder controlar a qualidade dos professores na entrada e depois garantir que só os melhores e mais comprometidos serão aceitos nessa profissão nobre.

A inclusão das novas tecnologias nas salas de aula vem sendo muito debatida. Como você vê esse processo? Como isso é feito na Finlândia?
Tecnologia é parte das nossas vidas e é usada nas escolas finlandesas. Professores na Fin­­lândia usam tecnologia para ensinar de maneiras muito diferentes. Alguns a utilizam muito e outros raramente. A tecnologia é uma ferramenta, mas o foco continua sendo na pedagogia entre pessoas, sem tecnologia. A tecnologia não deve guiar o desenvolvimento educacional e, sim, ser uma ferramenta como várias outras.

Retomando o título do seu livro, quais são, afinal, as principais lições do sistema de educação finlandês?
A mais importante das lições é que há uma alternativa para se chegar ao sucesso prometido por reformas guiadas pelo mercado. A Finlândia é o antídoto a este movimento que impõe provas padronizadas, privatização de escolas públicas e remunera os professores com base em avaliações de desempenho que se tornou típico em diversos sistemas educacionais pelo mundo.

Matéria publicada no jornal Correio Braziliense, 29/02/2012 - Brasília DF

Senadores cobram ousadia do governo
em matéria de Educação


Agência Senado


A definição do volume de recursos que o país destinará à educação, a necessidade de formação continuada dos professores e o novo piso nacional dos professores foram os principais temas tratados pelos senadores que participaram durante cinco horas, nesta quarta-feira (29) de audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), disse ver com preocupação a proposta de se destinar à educação o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que esta medida não teria ligação direta com a capacidade de arrecadação de impostos. Ele defendeu a criação de um plano básico de educação continuada para o magistério, com a adesão voluntária de estados e municípios. - Se apostamos apenas na melhoria salarial, teremos os mesmos professores e nenhum reflexo na qualidade de ensino. Temos que criar uma possibilidade concreta de melhoria da formação - afirmou Requião, que propôs ainda a realização pelo governo federal de concurso público para a elaboração de novos projetos arquitetônicos para escolas de educação básica. Da mesma forma, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) observou que o percentual sobre o PIB poderia ser substituído por um compromisso do governo de aumentar progressivamente os recursos para a educação, "na medida da necessidade".

Recursos do petróleo - Por sua vez, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) defendeu a destinação à educação do equivalente a, pelo menos, 70% da arrecadação de recursos com a exploração do petróleo da camada pré-sal. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) apresentou um argumento adicional à prioridade para a educação com os recursos do petróleo. Ao garantir que parte significativa dos rendimentos do Fundo Social do Pré-sal seja direcionada ao setor, lembrou, haverá recursos novos para a educação sem a criação de um novo imposto. O senador Wellington Dias (PT-PI) lembrou que o projeto inicial de regulamentação dos royalties do petróleo do pré-sal incluía a destinação, por estados e municípios, de 40% para a educação. O "lado bom" da exclusão desse dispositivo, disse ele, é que cada município ou estado poderá dedicar ainda mais ao setor. O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) pediu que a maior parte dos recursos do pré-sal que venham a ser direcionados à educação beneficie o ensino fundamental.

Capacitação e inovação - O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) concordou que os recursos do pré-sal serão muito importantes para a educação, mas alertou para a necessidade de utilização criteriosa dos recursos públicos, como no programa Um Computador por Aluno. Segundo o senador, em alguns estados os alunos estão recebendo computadores sem que seus professores tenham sido capacitados para atendê-los. A senadora Ângela Portela (PT-PI) alertou para a necessidade de investimento na formação de pessoal qualificado para o atendimento de crianças de zero a três anos, nas creches que serão erguidas pelo governo feral até 2014. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a possibilidade de utilização dos telefones celulares como instrumentos auxiliares da educação, inclusive na alfabetização de adultos, segundo experiências que vêm sendo desenvolvidas no Brasil e no Paquistão. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o país deveria "radicalizar o investimento em inovação e educação". Ele recordou sua experiência como prefeito de Nova Iguaçu (RJ), quando o "maior desejo" da população da cidade era o acesso à universidade.

Piso salarial - O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) considerou "mais do que justo" o novo piso salarial nacional dos professores, estabelecido em R$ 1.451. Ele alertou, porém, que alguns estados e municípios terão dificuldades para pagar os novos salários. Por sua vez, a senadora Ana Amélia (PP-RS) demonstrou preocupação com informação da Confederação Brasileira de Municípios, segundo a qual apenas 30% dos municípios poderiam pagar o novo piso salarial do magistério.

Desiguladade regional - O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) ressaltou a desigualdade regional na educação. Enquanto no Paraná apenas 4,9% das crianças de oito anos não são alfabetizadas, comparou, no Amapá são 23%. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) chamou atenção para as dificuldades encontradas por estudantes do Nordeste no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Segundo o senador, estudantes de estados mais ricos que não obtiveram vagas em universidades de seus próprios estados acabam conseguindo se matricular em universidades de estados como a Paraíba. Por sua vez, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) informou que quase 180 escolas foram fechadas neste ano na Paraíba e pediu que decisões como esta só sejam tomadas "com a participação da sociedade".

Tempo integral - Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu a construção de escolas federais de tempo integral em pelo menos cem cidades brasileiras, como estímulo à criação de novas escolas com as mesmas características em outras cidades. - Se a gente fizer a revolução em algumas cidades, ninguém para mais. O [ex-governador Leonel] Brizola fez os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) por unidades escolares. Agora poderíamos ter os Cieps da Dilma, por unidade municipal - sugeriu. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) pediu que o Ministério da Educação leve em consideração a diferença entre as cidades e o campo na definição do que seja uma escola em tempo integral. Ela ponderou que seis horas seriam suficientes para isto no campo, uma vez que as crianças enfrentam longas jornadas em "estradas poeirentas" para chegar a suas escolas.

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